
sair. Estou cheio desse fedor de tinta, estou cansado de ser
grande. Estou cansado de esperar pela morte. Vamos sair.
– Sair pra onde? – ela perguntou.
– Pra qualquer lugar. Comer, beber, ver.
– Jorg – ela disse –, que é que eu vou fazer quando
você morrer?
– Vai comer, dormir, foder, mijar, se vestir, andar por aí
e encher o saco dos outros.
– Eu preciso de segurança.
– Todos nós.
– Quer dizer, não somos casados. Eu não vou poder
nem receber o seu seguro.
– Tá tudo bem, não esquenta com isso. Além do mais,
você não acredita em casamento, Arlene.
Arlene sentava-se na poltrona cor-de-rosa lendo o
jornal da tarde.
– Você diz que cinco mil mulheres querem dormir com
você. Onde é que eu fico?
– Cinco mil e uma.
– Acha que eu não consigo outro homem?
– Não, pra você não tem problema. Pode arranjar outro
homem em três minutos.
– Acha que eu preciso de um grande pintor?
– Não precisa, não. Um bom bombeiro serve.
– É, desde que ele me ame.
– Claro. Ponha o casaco. Vamos sair.
(...)
É só Bukowski, saudade, tédio e Beatles.